Cristo Redentor se ilumina com as cores da Amizade Social
Mesmo não sendo possível realizar o evento de Abertura Estadual da Campanha da Fraternidade devido às condições climáticas adversas, o Cristo Redentor se iluminou na noite da última sexta-feira, 16 de fevereiro, anunciando ao mundo a mensagem da Campanha da Fraternidade, a qual conclama a todos a se irmanarem para superar crises e divisões, promovendo a Amizade Social. O evento, idealizado pelos bispos do Regional Leste 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), foi transferido para o Auditório da Cúria Metropolitana do Rio de Janeiro, no Edifício São João Paulo II, na Glória, onde recebeu os representantes das dioceses com seus bispos, além de líderes de religiões cristãs e não cristãs, em um belo gesto de fraternidade entre irmãos e irmãs.
Ao dar as boas-vindas aos presentes, Dom Gilson Andrade, bispo de Nova Iguaçu e presidente do Regional Leste 1 – CNBB, expressou a decisão dos bispos do Estado do Rio de Janeiro de realizar um gesto comum: a abertura, em nível estadual, da Campanha da Fraternidade deste ano, envolvendo não apenas os católicos. “Pela temática, ‘Fraternidade e Amizade Social’, nós quisemos estender o convite não apenas às nossas Igrejas, às nossas Dioceses, mas também a representantes de outras realidades e religiões que contribuem para a construção de um mundo de paz”, disse o bispo, que também abordou a mudança no local do evento.
“Nós pretendíamos realizar esse gesto aos pés do Cristo Redentor, pela beleza do sinal que juntos poderíamos dar. Quis a Providência Divina que não acontecesse ‘lá em cima’; afinal, o nosso compromisso é ‘aqui embaixo’, onde as pessoas vivem seus conflitos e esperam braços abertos e palavras que as ajudem a viverem reconciliadas.”
O tom da fraternidade
Durante o evento, as crianças e músicos da Escola de Música Cristo Redentor, regidos pelo Maestro Leonardo Randolfo, estabeleceram o clima, executando canções relacionadas à temática da amizade social. A primeira delas foi uma bela execução do Hino da Campanha da Fraternidade. Também tivemos a Oração de São Francisco e, para encerrar, o Samba da Bênção, canção de Vinicius de Moraes, mencionada pelo Papa Francisco na Carta Encíclica Fratelli Tutti.
A proposta quaresmal da CF
A exposição do tema da CF2024 foi conduzida por Beatriz Leal, doutora em Educação e assessora da Comissão Episcopal para a Cultura e a Educação da CNBB. A professora destacou que o tema deste ano está alinhado ao que a Igreja no Brasil tem proposto nos últimos anos por meio das campanhas, bem como à Igreja Universal. Beatriz também apontou o caminho quaresmal proposto pelo Texto-Base da campanha em três perspectivas metodológicas: “observar as situações de inimizades que geram divisões e violência, deixar-se iluminar pelo Evangelho que nos une como família e agir, conforme a proposta quaresmal, esforçando-se por uma mudança não apenas pessoal, mas também comunitária e social”, disse a professora.
Superando divisões
Os representantes das religiões também contribuíram com suas reflexões sobre a Amizade Social e a necessidade de superar divisões. Presentes no evento, Pai Márcio de Jágun, representando o candomblé, o Pastor Silas Esteves, representando os evangélicos, a Sra. Angela Delou, representando os espíritas, e a Mãe Mônica d’Oyá, representando os umbandistas, compartilharam suas perspectivas. “A fraternidade não está reservada aos textos sagrados ou aos ambientes litúrgicos. Ela sempre esteve ao alcance das nossas mãos”, disse Pai Márcio. “A fraternidade e a amizade social são caminhos e missões para religiões diferentes que têm o mesmo objetivo: trazer paz e esperança”, disse Mãe Mônica. O Pastor Silas relembrou as ações já realizadas em prol do diálogo entre as religiões, que possibilitam a “restauração da arte perdida de discordar em amor”.
O papel da política na promoção da fraternidade
Dom Roberto Paz também abordou o tema da Fraternidade e da Amizade Social sob a ótica da política. Enfatizando que a política deve buscar a construção da paz, pois somente ela é capaz de promover a fraternidade. O bispo de Campos dos Goytacazes delineou o perfil do bom político, afirmando: “Bem-aventurado o político que tem uma alta noção e uma profunda consciência do seu papel, de cuja pessoa irradia a credibilidade e que trabalha para o bem comum e não para os seus interesses, permanecendo fielmente coerente, promovendo a unidade e se comprometendo com uma mudança radical e duradoura, sabendo escutar e não temendo”.
Dom Gilson encerrou o evento destacando a necessidade de conversão proposta pelo tempo quaresmal: “A primeira palavra da Quaresma é aquela de São Paulo ‘deixa-vos reconciliar com Deus’. Sabemos que, a partir da reconciliação com Deus, ocorre a nossa reconciliação entre nós”, disse o presidente do Regional Leste 1.
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