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Artigos › 25/07/2016

Concílio Vaticano II, 50 anos depois

A Igreja está celebrando com muita gratidão os 50 anos da realização do Concílio Vaticano II. Para um olhar superficial, pode parecer que foi um acontecimento como outros na Igreja, sem grande importância para a vida dos cristãos e para o cotidiano das comunidades. No entanto uma observação mais profunda demonstra que o Concílio proporcionou e está proporcionando uma grande transformação eclesial.

A Igreja Católica, nos seus quase 2000 anos de história, realizou até agora 21 Concílios Ecumênicos; o último deles foi o Concílio Vaticano II, realizado de outubro de 1962 a dezembro de 1965. Um Concílio ecumênico, ou seja, universal, é uma reunião dos bispos do mundo inteiro, com o Papa, para tratar de assuntos importantes para a vida da Igreja.

Os Concílios anteriores sempre tiveram como motivação para a sua convocação alguma questão de fé que exigia o discernimento doutrinal da Igreja. Geralmente eles eram convocados para rebater alguma heresia que punha em risco a doutrina da Igreja Católica. Já o Concílio Vaticano II, foi um Concílio pastoral, convocado para ajudar a Igreja a ter uma maior clareza acerca da sua identidade e responder melhor à sua missão diante de um mundo em contínuas transformações. O Papa São João XXIII, de espírito inquieto e aberto, assumindo o pontificado, sentiu a necessidade de colocar a Igreja no ritmo dos passos do mundo moderno.

Como reconheceu depois o próprio Concílio, “a humanidade vive hoje uma fase nova da sua história, na qual profundas e rápidas transformações se estendem progressivamente a toda a terra. Provocadas pela inteligência e atividade criadora do homem, elas repercutem sobre o mesmo homem, sobre os seus juízos e desejos individuais e coletivos, sobre os seus modos de pensar e agir, tanto em relação as coisas como as pessoas” (Gaudium et Spes, 4). Tais mudanças, já na segunda metade do século XX, desafiavam a missão da Igreja, pedindo dela posturas mais esclarecedoras em relação as novas questões que inquietavam o coração humano.

O Concílio se debruçou sobre estas novas questões, dando respostas profundas e seguras capazes de ajudar os homens e mulheres do nosso tempo a não se perderem diante de um quadro complexo da existência humana. Neste sentido o Concílio Vaticano II, não deve ser visto como um ponto de chegada, mas um ponto de saída, capaz de renovar a Igreja ainda por muito tempo, continuando a ser, neste início do 3º. Milênio, a bússola segura que orienta os passos da Igreja.

De fato, nestes 50 anos podemos ver muitos frutos de renovação eclesial que tem dado um novo rosto à Igreja. Os anos que se seguiram ao Vaticano II coincidiram no Brasil com o período da ditadura militar. Graças ao Concílio Vaticano II, a Igreja no Brasil encontrou inspiração para ter uma postura pública de muito profetismo na defesa dos direitos humanos, frente a muitas situações de perseguição, torturas e assassinatos.

Também nos períodos posteriores, a Igreja no Brasil se manifestou sempre com uma voz profética na defesa da justiça e de uma maior igualdade social.        Isto influenciou também muitos leigos e leigas a se colocarem como luz do mundo e sal da terra (conferir: Mateus 5, 13-16), sendo presença transformadora na vida pública, seja no campo da política partidária ou outros setores da vida social.

Também no interior da vida eclesial o Concílio Vaticano II proporcionou frutos abundantes. Merecem ser citados os Movimentos Eclesiais e Novas Comunidades que contam com a participação de milhões de católicos em todo o mundo e têm sido espaços de evangelização, formando personalidades cristãs maduras no seguimento de Cristo.  No Vale do Paraíba temos, por exemplo, a Comunidade Canção Nova, fruto da Renovação Carismática Católica, que muito tem contribuído para a identidade religiosa do nosso povo.

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