“Muita gente, sobretudo no interior, já não vai mais para a cidade procurar um médico e fica doente em casa. E, a partir disso, pensamos que poderia ser um barco, que fosse até as comunidades. Se as pessoas não vão até o hospital, o hospital vai até eles. E assim nasceu essa ideia,
que se tornou um sonho e que surgiu às margens do Rio Amazonas, olhando pra ele. ”
Como será feito o atendimento
Além dos frades e voluntários, a comitiva que percorre o trajeto hidroviário também é composta pela tripulação da Marinha Mercante e por uma equipe de saúde que reúne religiosas das Pequenas Missionárias de Maria Imaculada, de São José dos Campos. Já existe inclusive uma lista de médicos interessados em ajudar no atendimento.
O Barco-Hospital já está se preparando para fazer expedições de 10 dias, com base sempre em Óbidos, para realizar os atendimentos de atenção básica à saúde, além de ações e exames para prevenir e diagnosticar precocemente o câncer da população ribeirinha daquela região amazônica. Para tanto, a embarcação oferece consultórios, centro cirúrgico, laboratórios, leitos de enfermaria e salas especiais, como a de vacinação, além de equipamentos para realizar os exames. Os casos de maior complexidade serão encaminhados aos hospitais de base de Óbidos, Juruti e Alenquer.
Em véspera de Sínodo Amazônico, iniciativa “sacode rosto do Sul” do país
Pe. Vilson Groh, presidente de um instituto que, em Florianópolis/SC, leva o seu nome e busca sensibilizar o mundo empresarial a compreender a realidade das periferias, reconhece a importância do trabalho realizado pela diocese de Óbidos com o Barco Hospital Papa Francisco. Segundo o sacerdote, é uma iniciativa que acontece em véspera de Sínodo Amazônico e dá o exemplo ao outro extremo do Brasil para “sacudir também o rosto do Sul” do país.
“Uma diocese como Óbidos que, do ponto de vista da infraestrutura, tem todas as suas pobrezas, mas do ponto de vista de se dar daquilo que se tem, do seu pequeno dom, o que significa atender 700 mil pessoas com um barco e que pode fazer um grande trabalho do acesso do direito à saúde e ao mesmo tempo à pastoral. Porque esse barco tem duas equipes: a de pastoral e da área da medicina; imagina todo o conjunto da área da Igreja. E, aqui, a Igreja do Sul poderia ser muito mais solidária com a Amazônia em todos os sentidos, eu diria, do campo missionário, da partilha de clero e de bens, da partilha de instrumentos e de expertise. Acho que pensar uma Igreja de rosto Amazônico, é pensar em uma Igreja que vai ter que sacudir o rosto do Sul. Eu tenho uma esperança enorme nessa perspectiva, de que sejamos capazes de ouvir o espírito de um rosto amazônico que vem ao encontro de uma grande conversão nossa do Sul para um novo olhar sobre a dimensão da Igreja”, afirma Pe. Vislon. E Dom Bernardo finaliza:
“Estamos aqui realmente diante de um milagre e, se Deus quiser, vamos poder atender muita gente! Aqui, nós poderemos, de fato, colocar a caridade em prática, indo ao encontro daqueles mais necessitados, dos pobre e sem condições e que precisam de um tratamento melhor”.
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