Artigo: Encontro com candidatos a deputado estadual e federal
Diocese reuniu-se nos dias 17 e 18 de setembro, com candidatos ao Legislativo para suas apresentações. Na íntegra, o pronunciamento de abertura do assessor diocesano da Comissão Sociopolítica, Pe. Ronildo.
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Candidatos a deputado federal e estadual das cidades que compõem a Diocese de São José dos Campos participaram de um encontro promovido pela Comissão Sociopolítica, grupo cujo objetivo principal é divulgar e articular a relação entre a Fé e a Política.
O evento aconteceu em duas noites, no auditório da Faculdade Católica de São José dos Campos. Dia 17 de setembro foi a vez dos candidatos a Assembleia Legislativa de São Paulo se apresentarem e no dia 18, foi a oportunidade dos candidatos a Câmara dos Deputados.
Inicialmente, os aspirantes políticos se apresentaram e relataram porque querem exercer o cargo público. Em um segundo momento, por meio de sorteio, os participantes responderam perguntas previamente preparadas pelos membros da Comissão.
Confira a fala na abertura do assessor diocesano da Comissão Sociopolítica, Pe. Ronildo.
A Comissão Sociopolítica de nossa Diocese é organizada a quase 25 anos, com vasta experiência no acompanhamento sociopolítico de nosso povo, e tem o objetivo de conscientizar os cristãos sobre sua grave responsabilidade de participar, de forma livre e consciente, da vida da política do país, tendo em vista a busca do bem comum, visando a construção de uma sociedade justa e solidária, a caminho do Reino de Deus (cf. Diretrizes Diocesana dessa Comissão).
Unidos a toda pessoa de boa vontade, do bem, trazemos o Evangelho da Vida como ponto de partida e de chegada, que é o próprio Senhor da Vida, Jesus Cristo.
Deus é a última palavra! “A criação geme e sofre de dores de parto” (Rm 8,22). Infelizmente as primeiras páginas da Bíblia está com descrédito por parte da humanidade, quando diz: “cultivarás e dominarás a terra” (cf. Gn 1-2)… Infelizmente, digo, porque o ser humano quer dominar o semelhante, usufruindo da natureza para “preencher” seus vazios, suas carências, dentre ganância e injustiça… tornando o semelhante “objeto de uso”…. Por isso, firmamos: toda e qualquer pessoa humana é digna na sua natureza… Cultivar e dominar a terra para promover o bem estar comum: aqui reforça-se o DIREITO UNIVERSAL DOS BENS…
Acréscimo meu depois desses eventos: (O DESTINO UNIVERSAL DOS BENS – Populorum Progressio, 22: “Enchei a terra e dominai-a”: logo desde a primeira página, a Bíblia ensina-nos que toda a criação é para o homem, com a condição de ele aplicar o seu esforço inteligente em valorizá-la e, pelo seu trabalho, por assim dizer, completá-la em seu serviço. Se a terra é feita para fornecer a cada um os meios de subsistência e os instrumentos do progresso, todo o homem tem direito, portanto, de nela encontrar o que lhe é necessário. O recente Concílio lembrou-o: “Deus destinou a terra e tudo o que nela existe ao uso de todos os homens e de todos os povos, de modo que os bens da criação afluam com equidade às mãos de todos, segundo a regra da justiça, inseparável da caridade”. Todos os outros direitos, quaisquer que sejam, incluindo os de propriedade e de comércio livre, estão-lhe subordinados: não devem portanto impedir, mas, pelo contrário, facilitar a sua realização; e é um dever social grave e urgente conduzi-los à sua finalidade primeira).
Deus quiz fazer-se um de nós, para possibilitar que sejamos “divinizados”, participantes de seu Reino. Este Reino já começou entre nós…
No evangelho de Mateus, no capítulo 25, afirma-se: o que fizeres ou o que não fizeres aos pequeninos, é a Deus que o fazes ou não o fazes…
Nem precisamos ler as Sagradas Escrituras e a Doutrina Social da Igreja para concluirmos verdades sobre Deus e sobre o ser humano. Bastaria ficarmos com a Costituição Brasileira, que “institui em Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais; a liberdade, a segurança, o bem estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controversas”, nos diz em seu preâmbulo. A própria Constituição coloca a dignidade da pessoa humana como um dos fundamentos para constituir o Estado Democrático de Direito (cf. Art. 1º, III). E o que dizer quando ela afirma, em seu Art. 5º, que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade? Somos chamados a conhecer, acolher e praticar o EVANGELHO e a Constituição (ainda limitada)… Encontramos nestes os direitos e os deveres de todo cidadão.
Temos, nesta noite, cidadãos e cidadãs que pleiteiam um cargo público para, em nome do povo, trabalhar pelo povo. Eleitos e empossados, tornam-se funcionários públicos…
Papa Francisco, para inspirar a atitude do cidadão, afirma que “a política é uma atividade nobre. É preciso revalorizá-la, exercendo-a com vocação e uma dedicação que exige testemunho, martírio. Ou seja, morrer pelo bem comum” (Marcelo Beraba, O Estado de S. Paulo – 22 Julho 2013) … Papa Paulo VI afirmou: “A política, baseada na justiça e na ética, é a mais perfeita forma de amor evangélico”. Não podemos alienar e nem deixarmo-nos alienar. Isso seria uma ofensa ao próprio Deus.
O “Grito os Excluídos” deste ano (07 de setembro), teve como pauta de reflexão: “Vida em primeito lugar! Desigualdade gera violência: chega de privilégios!”. Já em 1995 este grito trazia como chamada de atenção e denúncia: “VIDA EM PRIMEIRO LUGAR!”.
Com votos de que esta noite seja proveitosa para todos, agradeço a presença dos candidatos e candidatas, de todo o povo, do Departamento de Comunicação (DECOM) da Diocese e da Comissão Sociopolítica… Esse encontro quer oferecer oportunidade de apresentação dos que pleiteiam ao cargo legislativo em nosso Estado e País…
Que esta semana final para eleições em primeiro turno traga para todos nós o desejo em discutir ideias e ideais, sem deixar-nos envolver por apenas ideologias… Fica uma necessidade: discutir ideias e não amizades em nossa famílias e nem em nossas comunidades, para não gerar divisão e ódio… E que cada um possa lembrar: voto não tem preço. Tem consequências! Vote consciente!
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Pe. Ronildo Aparecido da Rosa
Assessor Diocesano da Comissão Sociopolítica
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