“Amar a Deus e por Ele aos irmãos” – Testemunho vocacional…
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Celebrando no último domingo a Solenidade da Assunção de Nossa Senhora, em comunhão com o mês vocacional, lembramos dos vocacionados à vida consagrada: religiosos e religiosas, que, a exemplo de Maria, dão o seu sim ao projeto de Jesus.
Maria tem inspirado homens e mulheres a fazerem de sua vida uma consagração total a Deus e ao próximo, assumindo os votos evangélicos de castidade, pobreza e obediência. Maria, servidora por excelência, é imagem da Igreja, povo de Deus a caminho do reino definitivo.
Ir. Roziane Guimarães, religiosa do Instituto de Nossa Senhora do Bom Conselho, conta para nós sua trajetória de discernimento e testemunho vocacional. Leia.
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Olá pessoal,
[dropcap]S[/dropcap]ou irmã Roziane e vou partilhar com vocês um pouco de minha experiência vocacional. Falar sobre vocação, creio que seja falar de uma experiência de amor que nos atrai, nos seduz e nos envia.
Sou natural da cidade de Virgínia, sul de Minas, meus pais são José e Isabel e sou a décima de treze filhos, dois deles faleceram ainda bebês. Minha mãe sempre foi muito religiosa, meu pai nem tanto. Todos recebemos a formação católica desde muito cedo e acompanhávamos minha mãe nas celebrações dominicais, ainda que a contragosto.
Lembro-me que quando dizia a minha mãe que não queria ir à celebração ela simplesmente me respondia: “quando você for ‘dona do seu nariz’ você escolhe o que fazer, mas enquanto isso não acontece você vai”, o interessante é que quando fiz dezoito anos já estava no convento…fugi tanto que acabei me rendendo.
Durante a minha infância e adolescência não aconteceu nada de extraordinário, vou lembrar de alguns momentos que, tempos depois de ter entrado na vida religiosa e fazendo uma releitura de minha vida, percebi que foram fundamentais para minha vocação.
O primeiro deles é que, desde criança – uns 4 anos – já dizia que queria ir para o convento, não sei se o fato de já ter uma religiosa na família interferia nisso. O segundo foi que gostava muito de ouvir a música “Mãe do Céu Morena” e, por coincidência ou providência, meus votos foram todos no dia de Nossa Senhora de Guadalupe, Virgem a quem Pe. Zezinho dedicou essa música.
Bom, na adolescência, sonhei os mesmos sonhos, tive as mesmas dúvidas, os mesmos questionamentos que são próprios dessa idade. Deixei um pouco de lado meu desejo vocacional, mas não o esqueci.
Sempre me diziam que tinha “cara de freira”, isso me agitava, mas enrolei bastante até que resolvi tentar. Entrei no Instituto de Nossa Senhora do Bom Conselho no dia 21 de janeiro de 2002, fui para Maricá – RJ, foi uma mudança meio que radical: sai de uma zona rural para a zona urbana, cultura, linguagem e comidas diferentes, normas, nova família… não me arrependo de tentar, pois sempre que pensei em desistir me lembrava do que tinha ido buscar e do compromisso que assumi: amar a Deus e por Ele aos irmãos!
Já estou há 14 anos nessa caminhada, digo de coração que não me arrependo de ter arriscado, vencido o medo e as dúvidas e me decidir a caminhar com Ele, pois quando nos convoca nos diz: “siga-me” e não “vai”, ou seja, Ele não nos deixa só, caminha conosco, nos ensina, nos consola. Jovem, aceite você também essa proposta!
Agora somos três irmãs religiosas que, unidas pelo laço de sangue, fomos chamadas e respondemos a vocação: irmã Mariana, ir. Isabela e eu. Tive o prazer de conhecer e conviver com nossa Madre Fundadora, agora com 98 anos.
E, termino com uma passagem de São Paulo que sempre me chamou atenção e me faz sempre recomeçar: “Não que eu já o tenha alcançado ou que já seja perfeito, mas prossigo para ver se o alcanço, pois que também já fui alcançado por Cristo Jesus” (Fl 3,12).