Evangelii Gaudium, por um novo dinamismo evangelizador na Igreja
A Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, é o primeiro documento de responsabilidade única do Papa Francisco, já que a Encíclica Lumen Fidei teve maior participação do Papa Bento XVI. A Evangelii Gaudium possui cinco capítulos precedidos de uma introdução. Na introdução, o Papa denuncia a tendência de isolamento que a sociedade atual proporciona e convida os católicos a uma renovada experiência de encontro com Cristo. Em seguida o Papa cita várias passagens bíblicas que deixam transparecer a alegria e a sublimidade da tarefa evangelizadora.
O capítulo I tem como título, “a transformação missionária da Igreja”. Neste capítulo o Papa entra de cheio no tema da conversão pastoral, que no fundo é a busca da Igreja em viver a fidelidade à sua própria vocação. O Concílio Vaticano II apresentou esta fidelidade como condição para uma Igreja sempre reformanda (cf. UR 6). Neste capítulo o Papa faz a defesa da paróquia, afirmando que ela não é uma estrutura caduca, pois possui muita capacidade de adaptação.
No capítulo II o Papa aborda o tema da crise do compromisso comunitário. Neste capítulo o Papa inicia denunciando com vigor a idolatria do capital que tende a subverter a ordem natural das coisas, se colocando no centro em vez de estar a serviço da pessoa humana e da justiça entre os povos. Depois o Papa apresenta algumas tentações dos agentes pastorais. A primeira tentação é a do fascínio do gnosticismo que propõe uma fé fechada no subjetivismo que busca apenas experiências agradáveis, mas que é incapaz de se expressar através do ardor missionário e do empenho pela transformação do mundo. A segunda tentação é a do comodismo egoísta que se manifesta como fechamento a um empenho mais generoso e contagiante na atividade apostólica. A terceira tentação é a do neopelagianismo autorreferencial fechado ao primado da graça, pois espera os frutos apenas da capacidade humana e não da atuação divina. Por fim o Papa fala também da tentação da divisão que enfraquece a ação evangelizadora, pois priva a missão do testemunho da comunhão.
O capítulo III que tem como título o anúncio do Evangelho, traz vários aspectos acerca da atividade evangelizadora da Igreja. Neste capítulo o Papa apresenta a Igreja como a totalidade dos batizados e todos, a partir do seu próprio carisma é chamado ao empenho evangelizador que tem o querigma como alicerce. Mas o querigma precisa ser aprofundado através da catequese para que a Igreja forme realmente discípulos missionários. Na tarefa evangelizadora a Igreja se empenha na inculturação do Evangelho e valoriza a religiosidade popular como força evangelizadora. Um aspecto privilegiado da evangelização e da catequese é a homilia que é o ponto de comparação para avaliar a fecundidade do encontro do pastor com o seu povo.
O capítulo IV desenvolve o tema da dimensão social da evangelização. Este capítulo é muito rico em temas: inclusão social dos excluídos (os toxicodependentes, os refugiados, os povos indígenas, os idosos, etc), o trabalho político de longo prazo e o diálogo social: O diálogo entre a fé e a razão, o diálogo ecumênico, o diálogo inter-religioso, o diálogo social amplo. Neste capítulo o Papa afirma a abertura da Igreja disposta a aprender com os não católicos, especialmente com os anglicanos e ortodoxos que podem partilhar a riqueza do significado da colegialidade e da sinodalidade. O Papa expressa a consideração da Igreja com o judaísmo que oferece a Igreja a própria raiz da identidade cristã. Também o Papa aborda o tema do diálogo inter-religioso que é um instrumento através do qual a Igreja pode se aproximar dos não cristãos para lhes favorecer o conhecimento da verdade mediante o anúncio e aprender deles os valores inerentes as suas tradições religiosas, sem abrir mão das próprias convicções.
A Evangelii Gaudium, a exemplo da Evangelii Nuntiandi e da Redemptoris Missio se encerra com um capítulo sobre a espiritualidade evangelizadora. O capítulo V da Evangelii Gaudium tem como título, evangelizadores com espírito. São aqueles evangelizadores, diz o Papa, que rezam e trabalham. Eles não lançam mão de propostas místicas desprovidas de compromisso social, nem de discursos sociais sem uma espiritualidade que transforme o coração. A primeira motivação para evangelizar é a experiência de ser amado por Jesus. A partir desta experiência se sente uma verdadeira necessidade de falar da pessoa amada.
Padre Djalma Lopes de Siqueira
Administrador Diocesano