Papa Leão XIV no Jubileu dos encarcerados: “Que ninguém se perca! Que todos sejam salvos!”
A celebração teve a presença da coordenação da Pastoral Carcerária do Brasil entre os cerca de 7,5 mil peregrinos, de 90 países. Em sua homilia, o pontífice destacou a reparação, a reconciliação e o chamado à conversão que o jubileu apresenta aos que cumprem alguma pena.
Na realidade dos cárceres, a tarefa que o Senhor confia aos reclusos e aos responsáveis pelo mundo carcerário é “que ninguém se perca”.
“Que todos sejam salvos! É quanto deseja o nosso Deus, nisto consiste o seu Reino, em tal sentido se orienta a sua ação no mundo”, afirmou Leão XIV.
Dimensão luminosa da espera
No início da homilia, o Papa recordou a proposta litúrgica da Igreja para este domingo da Alegria, quando foi lembrada a “dimensão luminosa da espera: a confiança de que algo de belo e alegre acontecerá”.
Leão lembrou da abertura da Porta Santa feita pelo Papa Francisco na Penitenciária de Rebibbia, em 2024, quando convidou a manter a corda na mão, com a âncora da esperança, e o coração com as portas escancaradas. Assim, o convite lançado por Francisco foi “a manter viva a fé na vida que nos espera e a acreditar sempre na possibilidade de um futuro melhor”, e ao mesmo tempo, “ser, com coração generoso, agentes de justiça e caridade nos ambientes em que vivemos”.
Chamado à conversão
O Papa citou a leitura do livro do profeta Isaías (Is 35, 10), a qual recorda que Deus é quem resgata e liberta, e que aponta uma “importante e exigente missão para todos” a qual deve ser realizada com “tenacidade, coragem e espírito de colaboração”, compreendendo que “depois de cada queda deve ser possível levantar-se, que nenhum ser humano se reduz ao que fez e que a justiça é sempre um processo de reparação e reconciliação”.
“Quando, mesmo em condições difíceis, se conservam a beleza dos sentimentos, a sensibilidade, a atenção às necessidades dos outros, o respeito, a capacidade de misericórdia e perdão, então, da terra dura do sofrimento e do pecado, brotam flores maravilhosas e, mesmo entre as paredes das prisões, amadurecem gestos, projetos e encontros únicos em humanidade”.
[…] O Jubileu é um chamamento à conversão, sendo precisamente por isso motivo de esperança e alegria, disse o Papa.
Oportunidade de recomeçar
O Papa convidou a promover, com destaque particular para as prisões, a civilização do amor, fundada especialmente sobre a caridade, e motivou – recordando o pedido do Papa Francisco – a promover formas de dar às pessoas a possibilidade de recomeçar, a partir do que era oferecido na origem bíblica dos jubileus.
No ano passado, o Papa Francisco propôs que, por ocasião do Ano Santo, fossem também concedidas “formas de anistia ou de perdão da pena, que ajudem as pessoas a recuperar a confiança em si mesmas e na sociedade”, e a oferecidas oportunidades concretas de reinserção.
Estou confiante de que em muitos países se dará seguimento ao seu desejo, disse o Papa Leão.
Pastoral Carcerária
A coordenadora nacional da Pastoral Carcerária, irmã Petra Sfa partilhou nas redes sociais da Pastoral Carcerária do Brasil a emoção de celebrar junto com o mundo inteiro o Jubileu dos Reclusos em Roma. Ela saudou as pessoas encarceradas e seus familiares e os agentes da Pastoral Carcerária do Brasil.
O padre Vitor César Zille Noronha, presbítero da arquidiocese de Vitória e agente da Pastoral Carcerária, comentou a homilia do Papa, destacando a profecia “que não deixa ninguém pelo caminho e que anuncia que a salvação, a vida nova, a restauração chega a todos”
“Somos chamados a sermos instrumento dessa misericórdia – que chegue aos grupos da Pastoral, mas também aos cárceres do Brasil”, desejou.
