Imagem de São Miguel Arcanjo de Gargano chega a Maceió e mobiliza milhares de fiéis em consagração
A Arquidiocese de Maceió, que contempla 37 municípios alagoanos, no Nordeste Brasileiro, consagrou a sua Igreja Particular a São Miguel Arcanjo, em uma celebração que durou mais de 10 horas, virou a madrugada e só terminou com os raios do Sol, ao nascer do dia de 16 de novembro. Foram mais de 20 mil fiéis não só da capital, como do interior, que receberam com louvor e orações a imagem do Príncipe da Milícia Celeste, que saíu da Gruta de Gargano, na Itália, e está em peregrinação pelo Brasil. O momento contou ainda com uma Santa Missa, presidida pelo arcebispo arquidiocesano Dom Beto Breis.
A luta do bem contra o mal; as batalhas contra o desânimo, o pessimismo e a desilusão; a semeadura da esperança que não decepciona, a busca e o encontro da completude em Cristo Senhor. Essas foram as mensagens passadas durante a homilia do arcebispo da Arquidiocese de Maceió, Dom Beto Breis, aos alagoanos presentes.
“A nossa devoção em São Miguel deve nos levar ao Cordeiro, que é Cristo, e fazermos Dele a razão da nossa esperança”, enfatizou o arcebispo, conectando as suas palavras ao tema do Ano Jubilar, Peregrinos de Esperança. Em sua homilia, ele enfatizou a mensagem central de São Miguel Arcanjo, que traduz o próprio nome do Anjo: “Quem como Deus?”. “Ninguém é como Deus, como Cristo Jesus”, complementa Dom Beto.
Gruta, lugar de aconchego e proteção
A imagem de São Miguel Arcanjo percorreu diversas ruas de Maceió, em uma carreata que saiu da Igreja de São Miguel Arcanjo, no bairro da Santa Amélia e seguiu até o Cepa, um centro de educação que fica localizado no bairro do Farol, na capital alagoana e onde concentrou a maior parte da programação.
Enquanto a imagem percorria pelas ruas da cidade em cima de uma viatura do Corpo de Bombeiros, a população, na porta de suas casas, acenava e a recebia com devoção e alegria.
A imagem foi abençoada solenemente no próprio santuário, localizado no Monte Gargano, na Itália, onde o anjo manifestou sua presença e é reconhecido pela Igreja como um dos principais centros de espiritualidade angélica do mundo.
A iniciativa da peregrinação é do Instituto Hesed, que tem a missão de propagar a devoção aos Santos Anjos e começou uma peregrinação histórica ao santuário no Monte Gargano. Como fruto dessa ação, recebeu a imagem oficial de São Miguel Arcanjo, conhecido como o Príncipe da Milícia Celeste, a quem Deus confiou a missão de combater e vencer as forças do mal.
A peregrinação já percorreu importantes dioceses e cidades brasileiras, entre elas Santa Bárbara d’Oeste (SP), Brasília (DF), Fortaleza (CE), Criciúma (SC), Palmas (TO), Rio de Janeiro (RJ), São Miguel (SP), Camaçari (BA) e Curitiba (PR).
Dom Beto Breis lembra que a devoção de São Miguel de Gargano está relacionada a uma gruta, no Sul da Itália, em meados do anos 400 D.C. Ao falar da beleza do simbolismo de uma gruta, o arcebispo expôs o seu significado: “A gruta evoca o ventre materno. Lugar de proteção e aconchego”. Não à toa, reforça ele, muitos outros santos usaram desse espaço para exercerem suas experiências espirituais de forma muito profunda, recolhidos em gruta para orações, a exemplo de São Francisco de Assis, São Bento e Santo Inácio.
“E foi numa gruta que teve início a devoção a São Miguel: a Gruta de Gargano. Lugar de aconchego. Mas foi numa gruta que Deus se manifestou na nossa carne. Foi numa gruta que Deus se manifestou como um de nós, como nosso irmão. E nós estamos no ano jubilar. No Ano Santo da redenção. Celebrando justamente esse mistério insondável. A linguagem humana não dá conta, mas, ao mesmo tempo que aquece o coração e nos enche de alegria e de esperança, Deus veio ao nosso encontro. Deus desceu do céu para que possamos subir até Ele. Somos amados por Deus e tudo se manifestou inicialmente naquela gruta de Belém”, afirmou Dom Beto Breis.
“Deus não nos abandona”
O arcebispo citou em sua homilia o profeta Malaquias, que profetizou que Deus iria intervir na história da humanidade e não abandonaria o seu povo
“Neste ano jubilar, queremos reavivar a nossa fé naquele que é conosco, que veio nos salvar, e nos amou de Belém ao Calvário. Como diz o 4º evangelho: ‘tendo amado os seus, amou-os até o fim’. E essa é a certeza que nos anima e nos encoraja. Porque temos a certeza que Deus não nos abandona e nunca nos abandonará. Deus não falha com as suas promessas. Às vezes se cala, silencia, mas absolutamente nunca Deus abandona o seu povo. E Jesus Cristo é Deus conosco”, reforçou.
O metropolita também citou o apóstolo Paulo para enfatizar aos fiéis que, quando a esperança é alcançada em Cristo, ela não decepciona.
São Miguel Arcanjo na luta contra o mal
Consagração é um ato de graça e bênção, de fé e de devoção, de fortalecimento da comunidade cristã e de renovação e compromisso dos fiéis. Segundo o Instituto Hesed, faz-se necessário reacender a devoção aos Santos Anjos, especialmente ao Arcanjo São Miguel, por causa “dos grandes desafios espirituais, sociais e morais enfrentados pela nossa nação”.
Na Homilia, Dom Beto citou o livro do Apocalipse para recordar aos fiéis a força e a missão de São Miguel Arcanjo. Na passagem bíblica, o Príncipe da Milícia Celeste lidera um exército de anjos celestiais na batalha contra o dragão, o próprio satanás. “Ele, chefiando o exército de Deus, acaba com o dragão. E logo depois dessa batalha, o texto do Apocalipse diz, em um hino muito bonito, que foi pelo sangue do Cordeiro que o diabo foi vencido, que satanás não teve a última palavra. Miguel luta no exército do filho de Deus, do Cordeiro, cujo sangue lava todos os nossos pecados”.
A luta humana contra o desânimo
Desânimos individuais e coletivos. Pessimismo e desilusões. Dom Beto afirma: “Atravessamos tempos difíceis”. Por isso, segundo ele, cada um é chamado a lembrar que o nome Miguel significa: ‘Quem como Deus, ninguém”.
“Lembramos ainda do Apóstolo Paulo aos Romanos: se Deus é por nós, quem será contra nós? Nada mais contrário à nossa fé cristã do que o pessimismo e o desânimo. Nós vamos sair daqui [da celebração de consagração] com essa palavra do nome Miguel e, ao mesmo tempo, animados, fortalecidos, encorajados. Porque na luta do bem contra o mal, na luta de Deus contra o diabo, Deus tem a última palavra. O mal já foi vencido pelo sangue do Cordeiro”, enfatizou.