Vocações na Igreja
Celebramos com alegria o MÊS VOCACIONAL, como todos os anos na Igreja Católica do Brasil. É um tempo especial e forte para pedir ao “Senhor da Messe e Pastor do rebanho” operários para sua messe. Operários e operárias segundo o coração de Deus e com as atitudes do Bom Pastor. De acordo com a doutrina católica, ao receber o dom do Batismo, a pessoa também recebe um “chamado” de Deus.
Esta doutrina se funda na Palavra de Deus que diz: “porque irrevogáveis são os dons e o chamado de Deus” (Rm 11, 29). Ao buscar entender o chamado de Deus, a pessoa deverá buscar entender que tipo de papel deve cumprir na Igreja Católica. Assim saberá eleger aquilo que poderá viver e experimentar como batizado e batizada na dimensão vocacional de sua vida. Claro que nenhuma vocação é mais importante que as demais, porque Deus chama pessoas diferentes para diferentes vocações e cada uma destas vocações serve para ajudar a Igreja a manter-se saudável e vibrante no seguimento do único e mesmo Senhor.
Costumamos, no mês de agosto rezar a cada semana, de forma especial, pelos Bispos/Sacerdotes/Diáconos, pela Vida Religiosa e Consagrada, pela vida Matrimonial, pelos Leigos e Leigas/Catequistas e todos os vocacionados serviçais, em nome de Cristo, em nossas comunidades e igrejas.
Relembremos o que disse o Papa Francisco sobre a importância da oração e do trabalho da animação vocacional no Sínodo sobre os jovens e a vocação: “Escutar, discernir e viver a Palavra de Deus. Na diversidade e especificidade de cada vocação, pessoal e eclesial, é preciso escutar, discernir e viver a Palavra, que nos chama do Alto e, ao mesmo tempo, nos permite render nossos talentos, fazendo de nós instrumentos de salvação no mundo e orientando-nos à plenitude da felicidade”.
Francisco afirmou que “o chamado do Senhor não é evidente, como tantas coisas que podemos ouvir, ver ou tocar na nossa experiência diária. Deus vem de forma silenciosa e discreta, sem se impor à nossa liberdade. Assim pode acontecer que a sua voz fique sufocada pelas muitas inquietações e solicitações que ocupam a nossa mente e o nosso coração”. Ler os sinais dos tempos com os olhos da fé. Por isso, é preciso “preparar-se à uma escuta profunda da sua Palavra, prestar atenção aos seus detalhes diários e aprender a ler os sinais dos tempos com os olhos da fé, sempre abertos às surpresas do Espírito”. Porém, frisou o Papa, “cada um de nós pode descobrir a própria vocação através do discernimento espiritual. Hoje temos grande necessidade do discernimento e da profecia, para superar as tentações da ideologia e do fatalismo. Todo cristão deveria desenvolver a capacidade de ler os acontecimentos da vida e identificar o que o Senhor quer de nós, para continuarmos a sua missão”.
Continua o Papa Francisco sobre o tema vocacional: “Conheço algumas comunidades que optaram por não pronunciar a palavra ‘vocação’ em suas propostas para os jovens, porque acreditam que têm medo dela e não participam em suas atividades”, contou o Pontífice, alertando que “esta é uma estratégia fracassada”. Por isso, indicou, “a pastoral vocacional não pode ser tarefa de apenas alguns líderes, mas da comunidade: ‘toda a pastoral é vocacional, toda a formação é vocacional e toda a espiritualidade é vocacional’”, completou.
“O Senhor nunca chama apenas indivíduos, mas sempre dentro de uma fraternidade para compartilhar seu projeto de amor, que é plural desde o princípio, porque ele mesmo é Trindade misericordiosa”. Especialmente em nosso tempo, em que a voz de Deus parece afogada por “outras vozes” e a proposta de seguir o Senhor entregando a própria vida, pode parecer demasiadamente difícil, TODA COMUNIDADE CRISTÃ, toda pessoa fiel deveria assumir conscientemente o compromisso de promover as vocações. Todas as vocações.
É importantíssimo animar e sustentar os que demonstram claros indícios de chamada à vida sacerdotal e à vida consagrada, para que sintam o calor de toda a comunidade ao dizer “sim” a Deus e ao serviço eclesial, no árduo e sincero caminho de seguimento do Senhor. A proposta que Jesus faz a quem Ele diz “Segue-me” é árdua e exultante: os convida a entrar em sua amizade, a escutar de perto sua Palavra e a viver com Ele e como Ele; lhes ensina a entrega total a Deus e a difusão do seu Reino segundo a lei do Evangelho. A quem chama para seu serviço, o Senhor os convida a sair de si mesmos e de sua vontade fechada em si mesma, de sua idéia de autorrealização, para mergulhar em outra vontade, a de Deus, e deixar-se guiar por ela; os faz viver uma fraternidade, que nasce desta disponibilidade total a Deus, e que chega a ser a marca distintiva da comunidade de Jesus: “o sinal” pelo qual conhecerão que sois meus discípulos. O Papa Bento XVI, quando fala das vocações, afirma: “o cultivo das vocações é o sinal claro e característico da vitalidade de uma Igreja local.
A vocação é, pois, encontro com a Palavra de Deus e com a vida de comunidade. A Palavra de Deus foi o tesouro de Maria. Ela foi fecundada, nutrida e educada pela Palavra e na Palavra de Deus. Assim viveu o seu itinerário vocacional e tudo o que aconteceu em sua vida e na vida de seu filho Jesus, o Cristo de Deus. A experiência vocacional de Maria deve ser tomada como exemplo e modelo para toda pessoa que quer fazer um caminho de discernimento e de opção por Deus e por seu plano de salvação na Igreja e no mundo. Rezemos e trabalhemos arduamente pelas vocações.
Dom José Valmor Cesar Teixeira, SDB
Bispo Diocesano
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