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Papa cria 21 novos cardeais para a Igreja Católica: Sejam evangelizadores e não funcionários

O Consistório para a criação de 21 novos cardeais da Igreja Católica foi realizado na manhã de sábado (30), na Praça São Pedro. Na homilia, o Papa Francisco apresentou o Espírito Santo como o maestro do Colégio Cardinalício: “Ele cria a variedade e a unidade, Ele é a própria harmonia”. O pontífice também motivou-os a serem “Evangelizadores e evangelizados, e não funcionários”.

Os cardeais são os colaboradores do Papa na condução da Igreja e também têm a missão, dentro do Colégio Cardinalício, de eleger o novo Papa quando se dá a vacância na Sede Romana. Aqueles que têm mais de 80 anos de idade não fazem parte da eleição de um novo pontífice.

De todas as partes do mundo

Durante o consistório ordinário público para a criação dos novos cardeais, o Papa Francisco refletiu sobre o texto dos Atos dos Apóstolos que narra Pentecostes, destacando a constatação dos judeus sobre os povos presentes naquela ocasião. “são «partos, medos, elamitas…», e assim por diante. Esta longa lista de povos fez-me pensar nos Cardeais, que, graças a Deus, são de todas as partes do mundo, das mais diversas nações. Por isso mesmo escolhi esta passagem bíblica”, afirmou o Papa.

“Depois, ao meditar sobre isto, dei-me conta de uma espécie de «surpresa» escondida nesta associação de ideias, uma surpresa na qual, com alegria, me parecia reconhecer, por assim dizer, o humorismo do Espírito Santo”, e questionou: “Qual é essa surpresa?”:

“É o fato de que nós, pastores, ao lermos a narração do Pentecostes, normalmente nos identificamos com os Apóstolos. É natural que assim seja. Ao passo que aqueles «partos, medos, elamitas», etc. que, na minha mente, associava aos Cardeais, não pertencem ao grupo dos discípulos, estão fora do Cenáculo, fazem parte daquela «multidão» que se reuniu quando ouviu o ruído causado pela forte rajada de vento. Os Apóstolos eram «todos galileus», enquanto o povo que se reunira era «proveniente de todas as nações que há debaixo do céu», precisamente como o são os Bispos e os Cardeais no nosso tempo.”

Francisco convidou os cardeais a observarem a perspectiva que surge dessa “espécie de inversão de papéis”, que é “redescobrir, maravilhado, o dom de ter recebido o Evangelho ‘na nossa língua’”. E motivou “repensar com gratidão no dom de ter sido evangelizados e de ter sido tirados de povos que, cada um no seu tempo, receberam o Kerygma, o anúncio do mistério de salvação, e acolhendo-o foram batizados no Espírito Santo e passaram a fazer parte da Igreja: a Igreja Mãe, que fala em todas as línguas, que é una e é católica”.

“Com efeito, somos evangelizadores na medida em que conservamos no coração a maravilha e a gratidão de ter sido evangelizados; melhor, de ser evangelizados, porque trata-se, na realidade, de um dom sempre atual, que pede para ser continuamente renovado na memória e na fé. Evangelizadores evangelizados, e não funcionários.”

Sinodalidade

O pontífice ainda recordou que o Pentecostes – tal como o Batismo de cada um – não é um fato do passado, “é um ato criador que Deus renova continuamente” e que a Igreja – e cada um dos seus membros – vive deste mistério sempre atual. Como exemplo, o Papa apresentou a imagem da orquestra: “o Colégio Cardinalício é chamado a assemelhar-se a uma orquestra sinfônica, que representa a dimensão harmônica e a sinodalidade da Igreja. Digo também «sinodalidade», não só por estarmos nas vésperas da primeira Assembleia do Sínodo que tem precisamente este tema, mas porque me parece que a metáfora da orquestra pode muito bem iluminar o caráter sinodal da Igreja”.

“A diversidade é necessária, é indispensável. Mas cada som deve concorrer para o resultado comum”, destacou o Francisco, e prosseguiu  com um convite: “Proponho de modo particular a vós, membros do Colégio Cardinalício, na consoladora confiança de que temos como maestro o Espírito Santo:, que é o maestro interior de cada um e o maestro do caminhar juntos: que seja Ele o protagonista, Ele é a própria harmonia”, concluiu.

O Santo Padre finalizou sua homilia, confiando os novos cardeais “à doce e forte orientação, e à guarda solícita da Virgem Maria”.

Confira aqui a homilia na íntegra.

São os novos cardeais da Igreja:

  1. Robert Francis PREVOST, O.S.A.
  2. Claudio GUGEROTTI
  3. Víctor Manuel FERNÁNDEZ
  4. Emil Paul TSCHERRIG
  5. Christophe Louis Yves Georges PIERRE
  6. Pierbattista PIZZABALLA
  7. Stephen BRISLIN
  8. Ángel Sixto ROSSI, S.J.
  9. Luis José RUEDA APARICIO
  10. Grzegorz RYŚ
  11. Stephen Ameyu Martin MULLA
  12. José COBO CANO
  13. Protase RUGAMBWA
  14. Sebastian FRANCIS
  15. Stephen CHOW SAU-YAN, S.J.
  16. François-Xavier BUSTILLO, O.F.M.
  17. Américo Manuel ALVES AGUIAR
  18. Ángel FERNÁNDEZ ARTIME, SDB.
  19. Agostino MARCHETTO*
  20. Diego Rafael PADRÓN SÁNCHEZ*
  21. Luis Pascual DRI, OFM Cap.*

Os três últimos possuem mais de 80 anos e não são eleitores no caso de um conclave para a escolha do novo Papa.

Cardeais brasileiros

Neste consistório, não foi criado nenhum cardeal brasileiro. Assim, o elenco de cardeais do Brasil fica dessa forma:

  1. Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo (SP)
  2. Cardeal Raymundo Damasceno Assis, arcebispo emérito de Aparecida (SP)
  3. Cardeal João Braz de Aviz, prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica
  4. Cardeal Orani João Tempesta, arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
  5. Cardeal Sergio da Rocha, arcebispo de São Salvador (BA)
  6. Cardeal Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus (AM)
  7. Cardeal Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília (DF)

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