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Especial › 25/10/2021

A Igreja recorda Santo Antônio de Sant’Anna Galvão

Antônio de Sant’Anna Galvão nasceu no dia 10 de maio de 1739, na Vila Santo Antônio, atual cidade de Guaratinguetá, no Vale do Paraíba. Era o quarto de dez filhos de uma família muito religiosa, rica e nobre.  Seu pai, Antônio Galvão de França, português, era capitão-mor da Vila, mas também comerciante e pertencia à Ordem Terceira de São Francisco, famoso pela sua generosidade. A mãe de Antônio era dona Isabel Leite de Barros, também muito generosa, filha de fazendeiros e descendente da família do bandeirante Fernão Dias.

Antônio viveu até a idade de 13 anos na sua casa paterna, quando seus pais o enviaram ao Colégio dos Jesuítas, em Cachoeira, Bahia, para estudar ciências humanas; ali, já estudava seu irmão, José, de 19 anos. Durante quatro anos, o jovem destacou-se, não apenas na prática religiosa, mas, sobretudo, na área de construção civil.

Vocação religiosa

Em 1755, com o falecimento prematuro de sua mãe, Antônio passou a ser devoto de Santa Ana, mãe de Nossa Senhora, nome que assumiu com a sua profissão religiosa: Frei Antônio de Sant’Ana Galvão. Na verdade, o jovem queria ser Jesuíta, mas, devido às perseguições contra os Jesuítas, pelo marquês de Pombal, seguiu o conselho do seu pai de se tornar Franciscano, no convento de Macacu, em Itaboraí, Rio de Janeiro.

Em 11 de julho de 1762, Frei Antônio Galvão foi ordenado sacerdote e transferido para o Convento de São Francisco, na cidade de São Paulo, onde continuou os estudos de filosofia e teologia. Em 1768, foi nomeado confessor, pregador e porteiro do Convento, um cargo importante na época. Frei Galvão destacou-se neste cargo de tal forma que a Câmara Municipal lhe deu o título de “novo esplendor do Convento”.

Capacidade artística e intelectual

Em 1770, o jovem franciscano foi convidado para ser membro da Academia Paulista de Letras, porque era compositor de peças poéticas em latim, odes, ritmos e epigramas. Suas obras eram sempre bem metrificadas e cheias de profundo sentimento religioso e patriótico.

Naquele ano, Frei Galvão recebeu o cargo de ser confessor no Recolhimento de Santa Teresa (SP), uma espécie de convento, onde viviam algumas devotas de Santa Teresa de Ávila. Ali, conheceu a Irmã Helena Maria do Espírito Santo, uma religiosa penitente, que dizia ter recebido um pedido de Jesus: “fundar um novo Recolhimento”. O sacerdote aprofundou a mensagem da Irmã Helena, aconselhando-se com outros teólogos, que a reconheceram como verdadeira e sobrenatural.

Obra de Frei Galvão

Em um tempo, em que construções de conventos de Ordens religiosas e de igrejas eram proibidas em todo o império, pelo marquês de Pombal, Frei Galvão assumiu as consequências e fundou o novo Recolhimento, chamado “Recolhimento Nossa Senhora da Luz”, em 2 de fevereiro de 1774. O carisma espiritual do novo convento era baseado na ordem da Imaculada Conceição.  O franciscano escreveu os estatutos, as regras e deu todo o apoio necessário para que o pequeno Recolhimento se tornasse uma verdadeira Congregação religiosa.

Assim, a Irmã Helena e mais duas jovens vocacionadas foram morar no novo Recolhimento, que, nada mais era, do que um casebre afastado da cidade, no meio do mato. Este local, hoje, que se tornou o Mosteiro da Luz, construído por Frei Galvão, deu início ao Bairro da Luz, na cidade de São Paulo.

Mosteiro da Luz

Aos poucos, outras jovens vocacionadas foram entrando para o Recolhimento, confirmando a profecia de Irmã Helena. Mas, após um pouco mais de um ano, da realização da profecia da Irmã Helena, a sua história mudou: a religiosa veio a falecer, repentinamente, em 23 de fevereiro de 1775; assim, Frei Galvão foi obrigado a se tornar o novo diretor do Instituto e o diretor espiritual das Irmãs.

No entanto, começou aumentar o número das vocacionadas, tanto que o casebre se tornou angusto. Por isso, Frei Galvão, ao colocar em prática as habilidades, que aprendera com os Jesuítas, projetou e começou a construir o “Mosteiro da Luz”. No início, ele e as Irmãs trabalhavam na obra, mas, depois, as famílias das religiosas do Recolhimento começaram a enviar dinheiro e escravos para ajudar na construção, que durou 28 anos. Até o povo, vendo a grandeza da obra, começou a ajudar com mantimentos, alimentos e materiais de construção. Assim, teve origem também o Bairro da Luz e nasceram outras fundações de Frei Galvão.

Volta à Casa do Pai

Frei Galvão era um homem de intensa vida de oração, tanto que realizou alguns fenômenos místicos, presenciados por testemunhas: dom de curas, dom da ciência, bilocação, levitação, sempre em vista do bem dos enfermos, moribundos e indigentes.

Poucos meses depois da Independência do Brasil, Frei Galvão entregou sua alma a Deus, no Mosteiro da Luz, em 23 de dezembro de 1822, vindo a falecer em odor de santidade. Ali, foi sepultado e seu túmulo é meta de contínuas peregrinações.

Frei Galvão foi canonizado pelo Papa Bento XVI, em 11 de maio de 2007, durante sua Viagem Apostólica ao Brasil.

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