A Religião e o novo Coronavírus
Essa pandemia, apesar de nefasta, trouxe ensinamentos para a Religião. À guisa de provocação, apontamos alguns.
Primeiro, utilizando uma metáfora, ela nos fez deixar o “caminho da anta”, um animal que anda sempre pelo mesmo trajeto. Esta prática costumeira lhe traz segurança, mas, por outro lado, não permite conhecer outras trilhas possíveis. Pois bem, premidos pela pandemia, os cristãos não puderam ir à Igreja aos domingos. Tendo sido suspenso, momentaneamente, esse costume tradicional, redescobrimos a trilha da “Igreja doméstica”.
Segundo, o fechamento das portas das Igrejas nos obrigou à abertura de janelas virtuais, mostrando a importância da internet. Desta forma, multiplicaram-se as lives, sejam de missas, como também de momentos formativos e de oração. As pessoas, que antes viam os seus padres apenas durante a celebração, começaram a tê-los virtualmente todos os dias e em diversos horários, dentro de suas casas. Merece destaque, aqui, o protagonismo dos cristãos leigos e leigas da Pascom (Pastoral da Comunicação), que auxiliaram os padres e outros nestas águas, pelas quais muitos ainda não tinham navegado.
Terceiro, este tempo nos fez solidários com muitos cristãos privados da celebração eucarística, na Amazônia e em outros lugares remotos, bem como com os afastados da Eucaristia pela lei canônica. Isto nos fez compreender que a comunhão vai além da recepção sacramental da Hóstia consagrada. Aliás, nós, católicos professamos: “Creio na comunhão dos santos”, e vivenciamos isso, na prática, nestes dias de isolamento social.
Por fim, é arriscado fazer prognósticos para a prática religiosa pós-pandemia, mas toda crise é benéfica, pois ela nos tira do caminho da anta, enquanto descortina novos horizontes e possibilidades.
Pe. Antonio Aparecido Alves
Doutor em Teologia e Padre em S.J. Campos
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