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Notícias da Diocese › 18/09/2019

Monsenhor Ernesto Cunha: um padre centenário!

Comemorar aniversário é bom. Ganhar presentes por mais um ano de vida é ainda melhor. Mas, e quando a festa é a celebração de um centenário? Poucos tiveram a oportunidade de alcançar tamanha idade. Contudo, um dos privilegiados vive em nosso meio: Monsenhor Ernesto Cunha.

Em 16 de setembro, a Diocese de São José dos Campos teve a graça de celebrar, na Paróquia Nossa Senhora da Soledade, o centésimo aniversário natalício do padre mais idoso da região.

Os números expressivos não ficam somente na idade. Além dos 100 anos de vida, Monsenhor Ernesto exerce o ministério sacerdotal há sete décadas. Iniciou sua caminhada como padre em 1948, quando o Papa Pio XII estava à frente da Igreja. Antes do Papa Francisco, teve a graça de vivenciar outros seis pontificados, inclusive os de São João XXIII e São Paulo VI, que deram novos ares à Igreja com o Concílio Vaticano II.

O chamado sacerdotal, para Monsenhor Ernesto, surgiu no coração de sua mãe, carinhosamente chamada de “profeta”, e que viera falecer quando tinha apenas sete anos. “Ela me embalava nos seus braços dizendo ‘Meu filho padre, meu filho padre’. Portanto, eu cresci acreditando que realmente Deus me chamava, porque se a minha mãe falou assim, ela foi profeta. Uma mãe sempre tem o privilégio de falar a verdade para seus filhos, e ela falou essa palavra que realmente me deu ânimo”, disse o sacerdote.

Com apenas cinco anos, em Jambeiro, o então garoto Ernesto demonstrava indícios de que realmente seguiria a profecia de sua mãe. “Quando fui para a cidade, passava em frente de mim um padre, vigário de Natividade da Serra, e eu olhava pra ele e dizia: ‘Padre, padre, eu vou querer vestir a sua roupa’. Eu falei assim, e essa fala foi uma palavra que Deus me colocou com cinco anos, que essa batina preta me chamava atenção. Esse foi o primeiro chamado”, contou.

Antes de ingressar no período de ginásio e aos estudos de Filosofia e Teologia, em São Paulo, Monsenhor Ernesto recorda com carinho do tempo em que foi coroinha, serviço este que desempenhou com muita alegria e que foi o grande responsável por sua assertiva vocação.

“Fui coroinha de um padre alemão, Rafael Buck, que me ensinou a ajudar na Missa. Era eu quem batia o sino no começo do dia, às 6h. Depois eu virei chefe dos coroinhas, ensinava a resposta da Missa em Latim, mesmo não sabendo muito. Depois, em 1930, morreu o padre Rafael, na Alemanha, e veio para a paróquia o padre Vitor Mazzei, e foi ele quem me levou para o seminário”, recordou.

Trajetória sacerdotal

Em 8 de dezembro de 1948, Monsenhor Ernesto foi ordenado diácono por dom Francisco Borja do Amaral, então bispo de Taubaté, na Capela da Casa Geral das Pequenas Missionárias de Maria Imaculada, em São José dos Campos. Dez dias depois, no mesmo local e pelo mesmo bispo, foi ordenado padre. Monsenhor Ernesto acumula passagens como vigário das paróquias Santo Antônio, em Paraibuna; Imaculada Conceição, em Jacareí; Nossa Senhora do Patrocínio, em Igaratá; e Santa Isabel, na cidade de Santa Isabel.

Por 25 anos foi pároco da então Paróquia São Dimas – hoje, Catedral Diocesana. Também esteve à frente, por 15 anos, da Paróquia Nossa Senhora da Soledade, onde atualmente é pároco emérito. Em sua caminhada, sempre foi marcante e evidente a presença de Maria, sobretudo durante a passagem no bairro Vista Verde.

“Nossa Senhora sempre me acompanhou, porque no seminário onde estudei, em São Paulo, era ‘Seminário do Ipiranga da Imaculada Conceição’, e ela foi, então, protetora da minha vocação. Eu também ganhei, do padre Rafael Buck, uma imagem de Nossa Senhora da Imaculada Conceição. Sem Ela, um padre não pode viver. Ou ele se apega a Virgem Maria, Mãe de Deus, ou ele não vira padre”, afirmou.

Longevidade e vocação

Monsenhor Ernesto conta que jamais esperava chegar aos cem anos de vida. O segredo para alcançar a marca, além de uma alimentação saudável, é orar. “Oração é a seiva que nutre a nossa vocação, a nossa vida. Sem oração ninguém pode viver”, explicou.

Visando o êxito de nossa resposta vocacional, Monsenhor Ernesto é enfático: “Sigam aquilo que está escrito no capítulo quarto da carta aos Tessalonicenses. São Paulo fala da vocação com muita ciência. Deus nos chamou para a santidade”.

Emerson Tersigni e Edna Gonçalves
Especial para o Jornal Expressão

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