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Artigos › 15/03/2019

Fraternidade e Políticas Públicas

Desde 1960 a Igreja do Brasil vive a Campanha da Fraternidade durante o período da Quaresma. Seu objetivo inicial nos inícios dos anos 1960 era angariar recursos para os seus serviços sociais, mas, desde 1964 a Conferência Nacional do Bispos do Brasil (CNBB), começou a apresentar temas para serem refletidos a cada ano, sempre para ajudar na vivência quaresmal. Como disse Jesus, uma árvore boa só pode dar bons frutos e essa Campanha, nesses cinquenta e cinco anos, provou ser uma dessas árvores, dando frutos como, por exemplo, as diversas Pastorais da Igreja que se originaram delas.

O tema proposto para este ano é “Políticas Públicas”. A CNBB apresenta na Introdução ao Texto-Base desta Campanha três aspectos que nos permitem entender o que interessa à Igreja: “O que são Políticas Públicas, qual a sua importância e a nossa participação como cristãos nelas”. Destaque-se nessas afirmações a frase “nossa participação como cristãos nelas”, pois à luz de nossa fé e do evangelho de Jesus, bem como da Doutrina Social da Igreja, temos algo a oferecer à sociedade. Nós, cristãos, não somos uma casta fechada ou uma seita secreta, mas devemos estar presentes na vida da cidade, como cidadãos ativos e solidários. Portanto, participar das Políticas Públicas “como cristãos” significa contribuir com a riqueza da ética social cristã, que a Igreja, “perita em humanidade” (Populorum Progressio n. 13) ensina em sua Doutrina Social.

Nos primeiros parágrafos do Texto-Base a CNBB situa esta Campanha na perspectiva das obras de misericórdia corporais (dar de comer e de beber, abrigar os sem-teto, assistir os doentes e outras), retomando a Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma de 2016, no Ano da Misericórdia. Recentemente, na Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate, esse Pontífice destacou novamente a importância destas obras, citando o ensinamento de Santo Tomás de que um ato de misericórdia para com o próximo é mais importante que atos de culto, para manifestar nosso amor a Deus (n. 106). Aliás, isto é profundamente bíblico, pois os profetas sempre recriminaram uma religião que venha separada da prática da justiça, bem como Jesus fez o mesmo em relação aos fariseus.

O quadro político atual sinaliza que será radicalizada a agenda neoliberal, com graves consequências para os mais vulneráveis da sociedade, ao mesmo tempo que desqualifica quem discorda dela. Dentro deste contexto adverso nós, católicos, bem como todos os comprometidos com a causa dos pobres, independentemente de sua crença ou ausência dela, somos desafiados a nos empenhar em Políticas Públicas justas que, para nós cristãos, são mediações políticas das obras de misericórdia e realizam o bem comum.

Pe. Antonio Aparecido Alves
Pároco da Paróquia São Benedito, no Alto da Ponte, em São José dos Campos

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