Equipe prepara Texto-Base da Campanha da Fraternidade 2019
Padre Antonio Aparecido Alves, pároco da Paróquia São Benedito, no Alto da Ponte, em São José dos Campos, é membro da equipe de trabalho que prepara o Texto-Base da Campanha da Fraternidade 2019. Pe. Toninho, como é conhecido, é mestre em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Gregoriana e doutor em Teologia pela PUC/Rio. Conversamos com ele para conhecer mais sobre o trabalho. Leia a entrevista.
Jornal Expressão: Qual o tema e o lema que foram escolhidos para a Igreja trabalham na Campanha da Fraternidade de 2019?
Pe. Toninho: O tema das “políticas públicas” foi definido pelo Conselho Pastoral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CONSEP – CNBB) no decorrer do ano de 2017 considerando o processo que junto às dioceses se faz todos os anos por ocasião da avaliação da Campanha da Fraternidade. O lema: Serás liberto pelo direito e pela justiça (cfr. Is 1,27).
Jornal Expressão: O que se pretende discutir a partir dessa temática?
Pe. Toninho: Em 2019, pretende-se trazer para a vivência penitencial da Quaresma o tema das “Políticas Públicas”, uma vez que elas podem ser instrumentos para nos ajudar a realizar o jejum que agrada ao Senhor, como lemos em Isaías 58, que seria libertar os oprimidos, repartir a comida com os famintos, vestir os nus e hospedar os que não têm casa. É claro que podemos fazer isto individualmente, repartindo com os necessitados, mas quando exigimos políticas públicas para sanar estes males sociais estaremos agindo em uma perspectiva estrutural. Aliás, no que se refere ao social, costuma-se dizer que os cristãos são excelentes enfermeiros, mas péssimos médicos, isto é, são eficientes em lidar com as consequências, mas não conseguem atingir as suas causas.
Jornal Expressão: Quais iniciativas, a partir do tema central, as comunidades podem realizar?
Pe. Toninho: As iniciativas são diversas, tais como buscar uma participação mais ativa nas pastorais sociais da Igreja, bem como nos conselhos gestores e paritários do município; conhecer o trabalho social que a Igreja já realiza com pessoas em situação de rua e outras obras sociais; detectar as principais carências em sua região e exigir políticas públicas para atendê-las; celebrar o Dia Mundial dos Pobres, instituído pelo Papa Francisco; propiciar momentos de formação na área de Fé e Política. Certamente estas e outras iniciativas irão surgir nos grupos e comunidades.
Jornal Expressão: Sobre sua participação na equipe de produção do Texto- Base, como foi o convite?
Pe. Toninho: Eu recebi o convite para uma reunião em Brasília onde um grupo teria uma primeira conversa sobre a CF. Lá recebemos o tema, o lema, o objetivo geral e os específicos, de modo que a partir disto deveríamos levar um esquema do que poderia conter em cada parte, no meu caso, no JULGAR. Nesta reunião cada um apresentou seu esquema, que foi apreciado por todos e recebeu sugestões. Depois, tivemos até final de fevereiro deste ano para apresentar um primeiro texto da nossa parte, que seria apreciado pelos Bispos em março, que sugeriram acréscimos e modificações. Elas foram efetivadas e até junho enviamos o texto corrigido, que foi apresentado em julho em um Seminário que reuniu leigos, padres e religiosas dos 14 regionais da CNBB, onde recebemos também sugestões de mudanças e emendas para um último texto, que está sendo apreciado e votado pelos Bispos.
Jornal Expressão: Como está sendo sua colaboração para o desenvolvimento do Texto-base?
Pe. Toninho: A minha parte do documento, no JULGAR, é a Doutrina Social da Igreja, enquanto um biblista da PUC/SP iria preparar a parte bíblica. Mas já a partir do primeiro texto eu me envolvi também com a parte bíblica, fazendo apreciações e sugestões que foram aceitas pelos Bispos e no Seminário de julho eu fiquei responsável em expor o JULGAR, tanto na parte bíblica, quanto na de Doutrina social. No momento estou gravando duas vídeoaulas de cinco minutos que resumem esta parte, para ser oferecido aos que tem deficiência visual e não podem ler o Texto-Base, bem como para servir de subsídio para o estudo dos grupos e comunidades.
Bem. Gostei muito da matéria. Desejo me aprofundar porque participo de grupo evangelização e muitas no momento dos comentários não sabemos discutir as perguntas dos textos.
Gostei das palavras do padre Toninho. Acredito que o engajamento de leigos e clérigos em políticas públicas será fundamental na construção do Reino de Deus.