Resgatar o sentido do Natal
A cada ano que passa vemos o Natal perdendo seu significado. Muito se fala desta festa, porém, sem se falar da sua verdadeira razão de ser. Daqui a algum tempo, os que não forem educados em berço cristão, talvez nunca saibam porque existe o Natal e o que ele significa. Reduzido à festa do Papai Noel, dos presentes, das compras, das comidas diferentes, quando não das extravagâncias e até das brigas em família, o Natal está deixando de ser a celebração do nascimento de Jesus, com tudo o que isso significa, para ser uma festa pagã e comercial.
O que ainda salva o sentido do Natal é a solidariedade daqueles que, mesmo sem uma motivação cristã, partilham presenças, alimentos, presentes, abraços, alegria… Estes gestos expressam o sentido do Natal e poderiam ajudar mais no resgate do significado desta festa se os seus autores estivessem mais conscientes do porquê os realizam, não deixassem de dizê-lo e os repetissem ao longo de todo o ano. Nesta direção poderia ir também a sobriedade, a oração, o diálogo, o perdão…
O Natal não é somente mais um acontecimento histórico, que ao lado de outros situa-se no passado. Ele é o fato que deu novo sentido à história. Tanto é verdade que ela é dividida em antes e depois de Cristo. Celebrado a cada ano recorda (= traz de novo ao coração) que Deus veio ao encontro da humanidade, por meio de seu Filho encarnado, para salvá-la. Natal, portanto, é a certeza de que Deus está no meio da humanidade, caminha com ela e a capacita a ser melhor. É a festa da proximidade divina que cura, liberta, ensina, conduz, salva. É o maravilhoso intercâmbio que se realiza entre o céu e terra para infinitas vantagens desta.
As luzes, os enfeites, as músicas, as confraternizações e os sentimentos que expressam o Natal são apenas realidades simbólicas da pessoa e da missão de Jesus Cristo, Aquele que é o motivo do Natal existir. Seria muito bom que estas coisas fossem meios e não fim, isto é, servissem para ajudar as pessoas a terem um encontro com Jesus, a verdadeira luz, a beleza que não se acaba, Aquele que traz alegria permanente ao mundo.
Celebrar o Natal é empreender um caminho novo, caracterizado pela simplicidade de vida, pela sinceridade nos gestos e atitudes para com o próximo, pelo compromisso com os necessitados, pelo esforço de viver os valores ensinados por Jesus, pelo respeito a todos, pela fé e a confiança na bondade de Deus, pela renovada esperança em tempos melhores.
Tudo isso é possível se o Natal for encontro com Jesus Cristo e a novidade que Ele traz em suas palavras e em seus gestos fizer morada nos corações.
Quem se encontra verdadeiramente com Jesus torna-se portador de sua presença e atuação para os outros. Mesmo que esse encontro não apresente soluções mágicas para todos os males da atualidade, será semente promissora de frutos inéditos e suculentos para a fome da qual a humanidade padece.
Em muitos lugares o Natal ainda não aconteceu de fato, porque os seus frutos, isto é, a vida trazida por Jesus ainda não é uma experiência. Tais lugares são corações, famílias, nações, situações onde deveria estar presente o amor e suas consequências, mas impera a ganância, o desrespeito, a indiferença, o ódio, e tudo o que agride e destrói o ser humano.
Para que o Natal aconteça de verdade e em todos os lugares faltam seres humanos obedientes e responsáveis como Maria e José, acolhedores como a manjedoura, dóceis como os pastores, alegres como os anjos, generosos como os animais, luminosos como a estrela que guiou os Magos, radiantes de ternura e bondade como o Menino Jesus…
Urge resgatar o sentido do Natal através de gestos e atitudes, ainda que simples, mas carregados de amor pois, como diz um sacerdote poeta “Neste Natal Jesus não vai nascer onde eu quiser… Ele vai nascer onde eu amar”.
Pe. Edinei Evaldo Batista
Pároco da Paróquia Santa Teresinha, em São José dos Campos