Encontro de Novas Comunidades acontece no Domingo de Pentecostes
Anualmente, a Comissão das Novas Comunidades realiza um grande encontro diocesano no Domingo de Pentecostes. A programação conta com pregação, Santa Missa e estandes de apresentação de cada comunidade presente na diocese. Este ano, o Encontro será dia 15 de maio, na quadra da Comunidade Magnificat, em São José dos Campos.
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As novas comunidades são uma realidade ainda recente. O Concílio Vaticano II marca esse novo Pentecostes, essa nova primavera na vida da Igreja. A partir de então florescem movimentos em respostas aos desafios da cultura moderna. Os fiéis encontram a possibilidade de vivenciar radicalmente o Evangelho, de se formar na fé cristã, crescer e se comprometer apostolicamente como verdadeiros discípulos missionários. Padre Djalma Lopes Siqueira é o Assessor da Comissão das Novas Comunidades e Associações e concedeu entrevista ao Jornal Expressão sobre o surgimento e a atuação das novas comunidades na vida da Igreja.
Jornal Expressão – Os primórdios do Cristianismo foram marcados pelo surgimento de várias comunidades. Dois mil anos depois, vemos o afloramento das novas comunidades. Este fato é um renascimento do cristianismo como na origem?
Padre Djalma Lopes Siqueira – As comunidades da Igreja Primitiva eram mais amplas e variadas de ministérios. Algumas delas tiveram mesmo Apóstolos à sua frente. Neste aspecto, do ponto de vista teológico, são as dioceses que tem um parentesco mais próximo com elas. No entanto, as Novas Comunidades, num esforço de retorno às fontes, encontram também nestas comunidades inspiração para a sua vivência de comunhão.
JE – Como é feito o discernimento sobre se um grupo organizado pode ser definido como uma nova comunidade?
Padre Djalma – Uma Nova Comunidade autêntica é antes de tudo um dom e um apelo de Deus que se manifesta através de uma ou mais pessoas e que é participado por outras que comungam e se identificam com aquela proposta de vida cristã. Como desdobramento do carisma fundacional é necessário que a Nova Comunidade apresente uma proposta apostólica específica, tenha uma percepção e vivência de uma espiritualidade que favoreça os membros na sua vocação à santidade e apresente um programa básico formativo, segundo as etapas da sua formação inicial e permanente.
JE – As Novas Comunidades são, em sua maioria, surgidas da Renovação Carismática Católica. Por que essa ligação?
Padre Djalma – São muitos os fatores que explicam esta relação. Existem, em minha opinião, explicações de ordem humana e espiritual, aspectos positivos e limitações, mas que a providência pode utilizar para o aparecimento de Novas Comunidades. O alto número de membros nos quadros da RCC, o clima de participação e protagonismo laical que a RCC proporciona, certa autonomia e independência que a RCC cultiva no cenário eclesial, a abertura às inspirações do Espírito Santo, tudo isso faz com que ela se torne terreno fecundo para o surgimento das Novas Comunidades.
JE – Qual a diferença entre uma nova comunidade e uma associação privada de fieis?
Padre Djalma – A Associação privada de fiéis é a configuração canônica em que a Nova Comunidade se encaixa na legislação eclesial, quando ela adquire personalidade jurídica. As Novas Comunidades por ser um fenômeno novo não figuram como tal no atual Código de Direito Canônico, mas algumas delas na medida em que adquirem maior consistência eclesial, elaboram estatutos e recebem aprovação diocesana como Associação Privada de Fieis, através de decreto do bispo da diocese onde se deu a fundação.
JE – Há um tempo a Comunidade Canção Nova recebeu o reconhecimento pontifício. O que isso significa?
Padre Djalma – Primeiro a Nova Comunidade deve obter o reconhecimento como Associação Privada de Fieis de direito diocesano. Tendo cumprido esta etapa e na medida em que ela cresce existindo num número maior de dioceses, ela pode elaborar melhor os seus estatutos, contemplando a amplitude da sua existência e apresentar junto ao Pontifício Conselho para os Leigos no Vaticano, o pedido de reconhecimento no âmbito pontifício. Foi isso o que aconteceu com a Comunidade Canção Nova que recebeu há pouco o reconhecimento definitivo.
JE – Em 2010, a CNBB lançou o documento 100: “Comunidade de comunidades: uma nova paróquia”. É uma resposta à necessidade de uma verdadeira conversão pastoral para a vivência da fé?
Padre Djalma – A conversão pastoral toca muitos aspectos da vida eclesial, não só no âmbito das estruturas, mas também no âmbito dos agentes e das ações. Mas a comunhão é sem dúvidas, um aspecto muito importante desta conversão que a Igreja deve buscar de forma permanente. Se a Igreja é comunhão e a paróquia é instância básica da Igreja, ela deve se empenhar em estruturar-se como rede de comunidades.
JE – Como se organizam as novas comunidades em nossa diocese?
Padre Djalma – A Comissão das Novas Comunidades tem um presbítero como Assessor Eclesiástico indicado pelo bispo diocesano. Desde o início desta Comissão que derivou da Comissão dos Movimentos e Associações, eu estou exercendo esta função. Comigo atua um Conselho composto por cinco membros que é um órgão de serviço e discernimento para preparar e coordenar as reuniões com os responsáveis e formadores das Novas Comunidades e a assembleia geral que acontece anualmente. Além disso, contamos com uma escola com encontros mensais, de março a novembro que busca clarear a compreensão acerca das Novas Comunidades.
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