Quando só resta a esperança
Diz o povo em sua sabedoria que “a esperança é a última que morre” e o diz verdadeiramente porque onde há esperança, há caminhos.
As situações limite da existência humana sempre descortinam novos horizontes quando o coração dos que as vivem é pleno desta virtude. Muito mais do que uma atitude humana, a esperança é um dom divino, que ao lado da fé será companheira de cada pessoa até sua chegada na eternidade, quando ambas entregarão cada um à vivência do amor, que jamais acabará.
Um novo ano que se inicia traz consigo expectativas, promessas e compromissos. Tudo perfeito e possível, mas ameaçado pelo sério risco de ser apenas belas palavras, se não tiver atrás de si a esperança, força motora que dá ânimo a tudo o que se faz e àquilo que deve ser feito mesmo quando já não se encontra razão para tanto.
A marca característica do humano é a limitação, que constantemente põe em risco os belos projetos que o mesmo elabora. Sem a esperança os sonhos humanos podem se tornar ilusão e frustração. Coroados por essa virtude ganham asas para cortar os céus das dificuldades e pousar no chão da realidade.
Mesmo desejando que 2016 seja pleno de felicidade, certamente, nele as pessoas se encontrarão com desafios e sofrimentos, decepções e perdas que, porém, não terão a última palavra se dentro de cada um houver a sagrada presença da esperança.
Portanto, quando só resta a esperança, ainda resta tudo. Enquanto a fé é a virtude que ilumina para ver o caminho a ser trilhado, a esperança é a força que faz caminhar, inclusive quando isso parecer difícil e até inútil.
A virtude da esperança é simbolizada pela âncora, que com seu peso deitado sobre o fundo do mar, mantém firme o barco, mesmo que ele seja agitado pelo vento e pelo movimento das águas.
O início de um novo ano se apresenta como ocasião privilegiada de olhar para frente e enxergar no horizonte da história pessoal, familiar, pastoral, eclesial e social a luminosidade produzida pelo sol da esperança, que fecunda de vida nova o olhar, o sentir, o pensar, o querer e o agir humano, tornando novas todas as coisas que nele as pessoas vão viver, fazer e acolher.
É tempo de renovar nos corações com a presença rejuvenecedora da esperança, que, conforme a Palavra de Deus afirma, “não decepciona” (cf. Rm 5,5).
A esperança não é, de forma alguma, uma atitude passiva, de quem simplesmente espera que as coisas aconteçam. Ela tem mais a ver com expectativa, ou seja, é expressão do sentimento interior de quem visualiza algo melhor e se empenha pela sua realização, dando o melhor de si para tanto.
Grande testemunho de pessoa movida pela esperança é dado em nossos dias pelo Papa Francisco, cujos gestos espontâneos e simples têm chamado a atenção do mundo, não porque em sua vida os desafios sejam inexistentes, mas porque seu olhar, suas palavras e suas atitudes deixam transparecer um coração transbordante de esperança.
Dentro e fora da Igreja se escutam comentários admirados acerca, sobretudo, de como age o atual papa. Os seus gestos, embora sejam muito simples, têm dado o que falar, provocando uma verdadeira revolução principalmente fora dos ambientes especificamente eclesiais.
O que as pessoas dizem acerca dos gestos do Papa Francisco revela o quanto se reconhece nele um semeador de esperança.
Por tal razão, seria muito interessante que os gestos de Francisco, papa da alegria e da esperança, fossem assimilados por todos, a fim de que a atmosfera de transformação que eles vêm favorecendo cresça, atingindo mais pessoas e ambientes.
Assim como uma só andorinha não faz verão, somente Papa Francisco não fará acontecer tudo aquilo que os seres humanos precisam e desejam. É preciso que todos se unam a ele, ampliando o mutirão da esperança tão necessário e tão útil aos nossos tempos.
Para viver um ano novo feliz e pleno de realizações é preciso ter e semear esperança. Que ninguém deixe de assumir esta responsabilidade e de cumprir esta tarefa.
Pe. Edinei Evaldo Batista
Coordenador Diocesano de Pastoral e
Pároco da Paróquia Santa Teresa do Menino Jesus