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Notícias da Diocese › 07/04/2015

Ser missionário em Dombe é abdicar de tudo pelo Tudo

Fundada em São José dos Campos há mais de 70 anos, a Congregação das Pequenas Missionárias de Maria Imaculada cresceu e transpôs fronteiras. Espalhadas pelo Brasil e por casas no exterior, as irmãs atendem doentes, idosos, crianças e estão a serviço em várias residências episcopais. E desde 2011, uma nova frente de evangelização foi somada ao trabalho da Congregação.  Sugerido por Dom Alberto Taveira, arcebispo de Belém, as irmãs foram convidadas a fazer parte da Missão de Dombe, em Moçambique, na África. Um desafio diferente para a Congregação, cujo trabalho engloba a administração de grandes hospitais.

O pequeno vilarejo do interior do país africano é cercado por savanas e seus perigos. Acidentes com animais são frequentes. A malária é companheira do povo e dos missionários. Atendimento público, atenção do estado praticamente não existem. A guerra deixou cicatrizes profundas na alma do povo. A presença da Missão é como um bálsamo. As irmãs desenvolvem atendimento assistencial para a população local, juntamente com os Missionários de África, conhecidos como “padres brancos”, Congregação francesa responsável pela paróquia da cidade, e com os missionários da Fazenda da Esperança e da comunidade Obra de Maria, ambas brasileiras. A Fazenda da Esperança mantem atendimento para homens e mulheres, que tem no alcoolismo a principal causa de internação. Já os missionários da Obra de Maria mantêm um internato com 200 jovens.

Irmãs Pequenas Missionárias com os "padres brancos".

Irmãs Pequenas Missionárias com os “padres brancos”.

“Cuidamos do único ambulatório do local e atendemos casos que não exigem internação. Nos finais de semana fazemos visitas às comunidades, dando orientação sobre os cuidados com a saúde e atendimento espiritual,” conta irmã Giselle dos Santos, missionária em Dombe desde outubro de 2012.

“Ser missionário em Dombe é abdicar de tudo pelo Tudo”

Muitos desafios fazem parte da rotina da Missão de Dombe. A cultura, a língua, as doenças, a falta de estrutura, a ausência de energia elétrica e de água encanada, dificultam o trabalho, porém nada disso é obstáculo para os missionários. “O povo é muito carente, praticamente esquecido. Não tem saneamento básico, nem trabalho formal. Vivem do que plantam e colhem,” conta irmã Giselle. O hospital mais próximo fica a três horas de carro. Por isso, casos de acidentes domésticos, ataques de crocodilo e partos são atendidos no ambulatório. Também a malária e a Aids levam centenas de pessoas a precisar de tratamento. Cerca de 80 pessoas passam, por dia, no ambulatório cuidado pelas irmãs brasileiras. Na missão estão duas enfermeiras, uma técnica em enfermagem e uma irmã que dá apoio ao trabalho pastoral. E uma vida precária, mas não falta Amor. Toda entrega de cada missionário, leva o Amor de Deus em cada gesto. “Isso que dá sentido à missão, ser presença silenciosa de Deus na vida desses irmãos”, completa irmã Giselle.

Irmã Giselle dos Santos, missionária em Dombe desde outubro de 2012.

Irmã Giselle dos Santos, missionária em Dombe desde outubro de 2012.

Ajuda à Missão!

A responsável pela Animação Missionária da Congregação é Irmã Luzia Soares da Rocha e a conselheira irmã Rosimeire Gaspar Serra. Aqui, as irmãs fazem campanhas e reúnem colaboradores para o sustento da Missão de Dombe.

Contribuições para a Missão de Dombe podem ser feitas no Banco do Brasil – Agência: 3358-8 Conta Corrente 809–5

Retrato

A Missão de Dombe fica na Diocese de Chimoio numa região muito pobre de Moçambique, cujo bispo é Dom Francisco Cilota. São 16 horas de viagem do Brasil à Dombe. Partindo de São Paulo, as irmãs desembarcam em Johanesburgo, na África do Sul. Pegam um turboélice para Moçambique. E da capital Maputo até Dombe viajam mais quatro horas de carro.

A Missão foi fundada há 60 anos pelos franciscanos, que foram expulsos pelo governo. Há cerca de 10 anos, o governo devolveu as posses da Igreja e os missionários puderam retomar a Missão. O dialeto mais falado é o “Tindau”. A população em geral é muito carente, eles têm necessidades de tudo, principalmente das ações básicas como saúde, educação, nutrição e cidadania. As famílias são numerosas e na cultura local a poligamia é aceita, por isso os homens normalmente têm mais de uma mulher. As mulheres trabalham muito, muitas vezes mais do que os homens, pois são elas que cuidam da “machamba” (roçado, plantação) e ainda cuidam da casa e das crianças. Pela tradição os homens devem cuidar da pecuária, como os animais diminuíram muito em consequência da guerra, os homens ficaram acomodados e por questão cultural não ajudam a esposa. Morando em casas muito simples, e praticamente sem mobília, em 90% dos lares fazem apenas uma refeição por dia, por volta das 15 horas, refeição feita a base de farinha de milho e água, chamada de massa. A mistura pode ser feita de folhas de mandioca ou abóbora, feijão ou quando se tem alguma carne, comem bode ou galinha. Também comem grilos, ratos e sapos. E têm muito medo dos animais selvagens, como cobras e crocodilos. Apesar de todas as dificuldades é um povo muito alegre e forte, que canta e faz celebrações lindas, ricas em sentido e simbolismo, que envolvem o povo à sua realidade. Uma de suas características mais marcantes é ter sempre no rosto um sorriso encantador.

Marienprozession

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1 Comentário para “Ser missionário em Dombe é abdicar de tudo pelo Tudo”

  1. Joaquim Mapsuca Muchanga disse:

    É formidável saber que em Moçambique existe um lugar que atende pessoas alcoólicas. Espero um dia visitar esta missão.
    Percebi também que o possível apoio à esta missão é feito a partir duma conta bancária de Brasil. Estou disposto a apoiar caso me forneçam uma conta bancária de Moçambique.

    Cumprimentos

    Joaquim Mapsuca Muchanga

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