Somos a “nação da cruz”
As impressionantes imagens dos 21 cristãos coptas sendo mortos por membros do Estado Islâmico, divulgadas amplamente pelos meios de comunicação no mês passado, mostraram a história sendo manchada, mais uma vez, pelo derramamento de sangue em nome de Deus.
Entretanto, o fato não produziu concentrações de solidariedade com os cristãos assassinados e seus familiares, caracterizadas por cartazes do tipo “Eu sou cristão”, como aconteceu quando do atentado contra o jornal francês, em janeiro.
Terá sido por medo ou por indiferença? Ou pelo fato de serem simples e anônimos trabalhadores que estavam fora de sua terra? Ou por achar que se trata de problema “entre eles”? Afinal de contas, o que são cristãos coptas?
É importante lembrar que o vídeo mostrando a decapitação dos cristãos foi intitulado pelos seus autores “Uma mensagem escrita com sangue para a nação da cruz”. Os destinatários desta mensagem, portanto, somos todos nós, seguidores de Jesus Cristo, o povo da cruz.
O que esta mensagem nos diz?
Ser a nação da cruz nos dá a responsabilidade de viver uma fidelidade incondicional, não tendo medo de nada. Se por um lado nos alerta para o que pode nos acontecer também, pelo fato de sermos cristãos, muito mais nos encoraja a testemunhar Jesus Cristo, se preciso, com a entrega da vida. Embora escondida pelo medo e a angústia do momento, podemos enxergar a fé que não se intimidou.
Também nos recorda o dever da solidariedade que deve existir entre nós e todos os que fazem parte da nação da cruz. Para nos fazer compreender isso Cristo foi à cruz por nós, em nosso lugar e para dar sentido à nossa experiência de cruz. Junto aos que encontram a cruz em nossos dias, devemos fazer-nos presentes com nossa oração e nosso repúdio a tudo aquilo que gera sofrimento e morte.
Animados pela força que brota da cruz de Cristo, devemos falar contra a cruz imposta pelo radicalismo religioso mais comprometido com a violência e a destruição do que com o advento da soberania de Deus sobre a história, pelo amor, e contra quaisquer outras formas de ideologias que ferem a dignidade da vida humana.
Ao celebrar o mistério da cruz de Cristo, façamos a experiência de morrer e ressuscitar com Ele, a fim de que, renovados pela sua paixão e glorificação, vivamos autenticamente nossa identidade de nação da cruz.
A cruz de Cristo nos revela um Deus diferente, que não pede o sacrifício dos seus súditos, mas dá seu sangue pelo bem da humanidade.
Pe. Edinei Evaldo Batista
Coordenador Diocesano de Pastoral e
Pároco da Paróquia Santa Teresa do Menino Jesus