A Quaresma
Estamos vivendo o tempo de Quaresma que nos prepara para celebrar dignamente a Páscoa do Senhor Jesus. Iniciamos este período com a quarta-feira de cinzas, com as celebrações penitenciais e de imposição de cinzas em nossas cabeças. Cinzas que foram produzidas com a queima dos ramos usados no domingo de ramos do ano passado. E quando recebemos as cinzas em nossa cabeça escutamos a frase bíblica: “CONVERTEI-VOS E CREDE NO EVANGELHO” (Mc 1, 12-15). Em muitos lugares usa-se ainda a palavra bíblica: “Lembra-te que és pó e que ao pó voltarás” (Gn 3,19). Assim, iniciamos um tempo longo, diversas semanas, que vai nos preparando para uma avaliação, um diagnóstico profundo de nossa vida de fé e de relações com as pessoas e com o mundo. É um tempo de travessia espiritual, imitando Jesus, que se retira para o deserto, onde vai passar quarenta dias, preparando-se para iniciar sua vida pública. “Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto, onde, durante quarenta dias, foi tentado pelo diabo” (Lucas 4:1-2). Assim, também nós, batizados e batizadas, somos chamados para vivenciar este tempo especial de nossas vidas, como preparação da maior solenidade de nossa fé cristã: A PÁSCOA DO SENHOR JESUS, garantidor de nossa ressurreição e salvação.
A Igreja, mãe e mestra da fé, nos propõe caminhos e exercícios quaresmais, para nos ajudar em nossas opções de vida e na conversão de nosso coração. São atitudes humanas, iluminadas pela fé, que preparam nossos corações, nossas mentes, nossa vida, para um verdadeiro processo de mudança, de “metánoia”, em nossa existência. Especialmente somos chamados à: vida de oração, a exemplo de Jesus, que nas horas cruciais de sua vida se colocava totalmente entregue nas mãos do seu Pai dos Céus. Oração iluminada pela Palavra de Deus, a Sagrada Escritura que é luz e força daqueles que se decidem pelo projeto de Deus. O Jejum e a Abstinência: que nos fazem exercitar a vontade e nos fazem pensar que tudo vem de Deus e que d”Ele depende tudo em nossas vidas: o ar que respiramos, o alimento que comemos, a natureza nossa casa, etc… Jejuar e abster-se de carne para poder ajudar aqueles que necessitam de nossa colaboração fraterna. A esmola – caridade: resultado de nosso trabalho transformado em dom aos necessitados. Resultado, também, de nosso jejum e de nossa abstinência. Especialmente, no Brasil, aproveitamos o final da quaresma para colaborar com a coleta da Campanha da Fraternidade, que vai ajudar na manutenção de centenas de obras sociais e educativas em todo o território nacional. E são tantos os exercícios de piedade popular e de expressões de fé que o nosso povo vive na experiência quaresmal: as procissões, via-sacras, encenações, orações as mais diversas, etc. O importante é fazer tudo com o coração aberto a Deus e à sua Palavra. Importante é participar das atividades e promoções de cada comunidade de fé, de cada comunidade paroquial para que as celebrações sejam participadas e comunitárias. Este é o verdadeiro sentido da quaresma. E ainda mais: arrumar em nossa casa algum símbolo, alguma lembrança que nos chame atenção para este tempo de graça que vivemos: a bíblia sobre um mesa, com um pano ou toalha roxa; a cruz em lugar de destaque; uma vela que acendemos nos momentos de nossa oração em casa com a família, etc…O importante é ter muito amor no coração, arrependimento de vida e esperança na ressurreição. Que a quaresma seja para todos nós tempo propício de exercício de boas obras e de crescimento na santidade. Uma boa confissão na celebração do sacramento da Reconciliação vai nos preparar para as alegrias da Páscoa.
Dom José Valmor Cesar Teixeira, SDB
Bispo Diocesano de São José dos Campos
Obrigado pelas sabias palavras Dom Cesar, que Deus o abençoe sempre.