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Sociedade › 20/06/2018

Dia Mundial do Refugiado: que o medo não nos impeça de acolher

Homens, mulheres e crianças à deriva em precárias embarcações, pais separados dos filhos e enjaulados, desespero, angústia, xenofobia e desrespeito dos direitos humanos mais elementares: com este espírito celebra-se neste dia 20 de junho o Dia Mundial do Refugiado, instituído pelas Nações Unidas.

Para lembrar a data, o Papa Francisco escreveu no Twitter:

Horas depois, o Pontífice escreveu outra mensagem:

Na Igreja, há um carisma que se ocupa especialmente desses nossos irmãos: são os scalabrinianos, seja em seu ramo feminino, seja masculino.

O brasileiro Padre Olmes Milani é um deles e em sua longa trajetória de sacerdote sempre se ocupou dos migrantes, desde os exilados políticos do regime Pinochet até os dias de hoje, atualmente nos portos de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Diante deste cenário que ele define “trágico”, Padre Olmes pede uma mudança de mentalidade para resgatar o lado humano do ser humano:

Ouça a reflexão do Padre Olmes Milani ao Vatican News:

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Crise humanitária: 68 milhões de refugiados

No relatório anual Tendências Globais (Global Trends), divulgado dia 19 de junho, o ACNUR – Agência da ONU para Refugiados, consta que 68,5 milhões de pessoas foram deslocadas até o final de 2017. Entre elas, 16,2 milhões foram deslocadas de forma forçada em 2017 pela primeira vez ou repetidamente, indicando um grande número de pessoas em movimento e o equivalente a 44.500 mil pessoas sendo deslocadas a cada dia, ou uma pessoa se deslocando a cada dois segundos.

Refugiados que tiveram que deixar seus países para escapar do conflito e da perseguição somam 25,4 milhões dos 68,5 milhões de pessoas deslocadas contra suas próprias vontades. Isso corresponde a 2,9 milhões a mais do que em 2016 e é o maior aumento que o ACNUR registrou em um único ano.

Os solicitantes de refúgio, que ainda esperavam o resultado de seus pedidos em 31 de dezembro de 2017, aumentaram em cerca de 300 mil e somam 3,1 milhões de pessoas. Os deslocados internos, pessoas que estão deslocadas dentro do seu próprio país, representaram 40 milhões do total, um pouco menos que os 40,3 milhões em 2016.

O mundo tinha mais refugiados em 2017 do que a população da Austrália e quase tantas pessoas deslocadas à força como a população da Tailândia. Em todos o mundo, uma em cada 110 pessoas é deslocada.

“Estamos em uma fase decisiva, na qual o sucesso em gerenciar o deslocamento forçado global exige uma abordagem nova e muito mais abrangente, para que os países e as comunidades não lidem sozinhos com esse tema”, disse o Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, Filippo Grandi.

“Mas há razão para alguma esperança. Quatorze países já são pioneiros em um novo modelo para responder a situações de refugiados e, em questão de meses, o novo Pacto Global sobre Refugiados estará pronto para ser adotado pela Assembleia Geral das Nações Unidas. Hoje, na véspera do Dia Mundial dos Refugiados, a minha mensagem aos Estados membros é para pedir que apoiem essa causa. Ninguém se torna refugiado por opção; mas o resto de nós pode escolher sobre como podemos ajudar”.

O relatório Tendências Globais do ACNUR é divulgado em todo o mundo a cada ano, antes do Dia Mundial dos Refugiados (20 de junho). A publicação acompanha o deslocamento forçado com base em dados coletados pelo ACNUR, por governos e outros parceiros. O relatório não analisa o ambiente global de refúgio, no qual o ACNUR relata separadamente e que continuou a fazê-lo em 2017, para ver incidentes de retornos forçados, politização de refugiados, refugiados presos ou negados a possibilidade de trabalhar, além de vários países que se opõem até mesmo ao uso da palavra “refugiado”.

Infelizmente, soluções para essa crise continuam escassas. Guerras e conflitos continuam a ser as principais causas de deslocamento forçado, com um pequeno progresso em direção à paz. Cerca de cinco milhões de pessoas puderam retornar às suas casas em 2017, sendo a grande maioria deslocados internos, mas, entre essas pessoas, muitas estavam voltando contextos frágeis e condições precárias. Devido a uma queda na quantidade de locais de reassentamento oferecidos, o número de refugiados reassentados caiu mais de 40%, para cerca de 100 mil pessoas.

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